Da Estranheza ao Conforto

Começo este post como todos os outros. 4 meses na Terra Média.

Nesses 4 meses, o sentimento que se mantém é o de menos estranheza e mais conforto. Por incrível que pareça, certas coisas já nos acostumamos. A solidão é menos sentida; continuo com muita saudade da minha gata e algumas coisas ainda estão precisando ser ajustadas, mas sinto como se isso fosse o normal das coisas.

Minha rotina é bem diferente da do Luis: ele acorda cedo, vai para o trabalho, volta para casa às 17h, depois academia, jantar e cama. Enquanto eu, vou para academia pela manhã, curso em seguida e chego em casa às 14h. Me soltei mais na escola, converso com todos, conto piadas e me sinto em uma posição privilegiada de estar onde estou e conversando com pessoas de outras nacionalidades.

Eu sabia que vir aqui seria um aprendizado de compartilhar experiências e evoluir como pessoa, de vivenciar algumas experiências simples que, na cabeça de alguém que sempre quis morar fora, eram sonhos distantes. Ainda tenho muito o que evoluir como pessoa e gosto de saber que me sento feliz na maior parte do tempo aqui.

Saindo um pouco de falar sobre mim, talvez fosse importante jogar uma luz na situação de Auckland agora.

Primeiro, tenho que dizer que o mundo pós-pandemia é um mundo caro. E acredito que a guerra na Europa esteja encarecendo as coisas também.

Quando cheguei em Auckland no fim de Março, havia mais vagas de emprego do que agora. Eu não sei se a cidade está mais cheia do que antes, mas tem MUITO imigrante aqui. Você anda nas ruas e ouve pouco inglês; o que se ouve é uma mistura de idiomas, com ênfase no espanhol e chinês.

Tem competição para tudo, igual ao Brasil, você tem que vir e ter a ajuda de alguém para te dar dicas, indicar algo e aparentemente a comunidade brasileira se ajuda muito.

Bom, faz algum tempo que os dias entraram em uma rotina; pude trabalhar e, graças a isso, consegui outras entrevistas.

Desabafei com Sofía, minha amiga chilena, sobre eu me sentir estranha por passar o dia estudando, quando nessa altura do campeonato eu deveria estar, como uma mulher adulta, trabalhando e fazendo outras coisas de adulto.

Bom, pela primeira vez, estou implorando por fins de semana ensolarados. O inverno em Auckland é deprimente, chuvoso e gelado. Mas com certeza, quando a primavera chegar, teremos mais dias bons e aproveitaremos muito. A cidade deve ser linda.

Beijos.