Reflexão: RTV em declínio?
- malumi
- 24 de fev.
- 4 min de leitura
Atualizado: 29 de mar.

Olá! Depois de um tempo, estou de volta ao blog. Desta vez, trago um assunto mais pessoal. Desde que voltei da Nova Zelândia, acho que ainda não usei o blog para falar sobre temas mais íntimos. Hoje, quero refletir sobre as profissões que podem ser extintas devido à tecnologia.
Quando eu era mais nova e comecei a perceber o impacto da tecnologia, já ouvia falar que algumas profissões haviam sido substituídas por avanços tecnológicos. No entanto, nunca imaginei que isso pudesse ter alguma relação comigo ou com minha carreira em um futuro próximo.
Para encurtar a história, em 2012, escolhi cursar Rádio e TV. Foi uma decisão meio impulsiva. Algumas pessoas já sabem desde cedo o que querem fazer quando crescer, e eu sempre soube que queria trabalhar com arte. Dentro dessa perspectiva, achei que Rádio e TV seria uma profissão mais "pé no chão", mas ainda ligada ao universo artístico. Quando comecei a trabalhar com audiovisual, imaginava que ficaria mais na parte de edição. No entanto, ao longo dos anos, minha trajetória me levou a atuar como produtora, função que exerço há quase 10 anos.
Para quem não conhece a área de audiovisual e Rádio e TV, vou explicar rapidamente. Dentro da produção de um produto audiovisual, existem diversas funções: roteirização, produção, direção, edição, captação de imagem, iluminação, entre outras. Há 15 anos, esse era um mercado promissor, pois a criação de um conteúdo audiovisual exigia uma equipe completa e especializada. Essas funções ainda existem hoje, mas percebo um declínio, especialmente dentro de grandes empresas.
E por que acho isso? Porque hoje temos celulares e câmeras acessíveis, além de softwares extremamente intuitivos. Com isso, qualquer pessoa pode montar um kit de gravação e produzir materiais de alta qualidade sem precisar de uma equipe profissional. À medida que essas tecnologias se tornam mais acessíveis, a necessidade de contratar profissionais especializados diminui.
Lembro que, no início do YouTube e dos vlogs, muitas pessoas compravam câmeras profissionais para garantir uma boa qualidade de imagem. Hoje, essa realidade mudou. Inclusive, vejo discussões sobre como o próprio YouTube se tornou um ambiente menos rentável, levando muitos criadores de conteúdo a migrar para o TikTok. Atualmente, o público engaja mais com conteúdos simples e autênticos. Quanto menos produzido e mais "natural" um vídeo parecer, maior a conexão com a audiência. Esse comportamento reforça a ideia de que não é mais necessário um grande aparato técnico para criar conteúdos de sucesso.
E aí surge o dilema: alguém como eu, formada em Rádio e TV, com 10 anos de experiência na área, percebe que o mercado está encolhendo. Por muito tempo, insisti em procurar vagas no audiovisual, mas a quantidade de oportunidades está cada vez menor. Acredito que, nos grandes centros, ainda existam espaços para esses profissionais, mas a concorrência está mais acirrada e o mercado, que já era nichado, tornou-se ainda mais restrito.
Vejo também que há uma demanda crescente por profissionais de mídias sociais. No entanto, quem trabalha com produção de vídeo nem sempre tem experiência com análise de relatórios, tendências e outras áreas do marketing digital. São habilidades distintas. Isso gera um cenário de frustração, onde profissionais experientes, com formação sólida e pós-graduação, se veem obrigados a aceitar vagas com tarefas básicas, como responder postagens em redes sociais. Ao mesmo tempo, empresas oferecem salários muito baixos para cargos que exigem múltiplas funções: criação de conteúdo, edição, gravação, roteirização e gestão de mídias sociais.
O audiovisual não está morrendo, mas está se transformando. E, infelizmente, a mudança não é algo que me interessa. O mercado atual exige profissionais extremamente técnicos ou "faz-tudo", o que chamamos hoje de videomaker: aquele profissional que roteiriza, grava, edita e entrega o vídeo completo para a empresa. Em teoria, essa função deveria ser bem remunerada, mas na prática, não é o que acontece.
Hoje, estou em busca de emprego e tem sido um desafio encontrar algo que não esteja tão desvalorizado. Faço Letras porque gosto, e também porque já falo inglês — quem sabe consigo usar isso profissionalmente no futuro? No momento, encaro essa jornada como uma reflexão necessária. Precisei aceitar que a área mudou, que isso não é culpa minha e que, agora, preciso me reinventar.
Diante disso, comecei a me interessar por concursos públicos. Não apenas pelo salário atrativo, mas também porque estou cansada de enviar inúmeros currículos e me sentir incapaz. Por mais que eu ache meu currículo interessante, nem sempre ele é valorizado como eu gostaria.
Este não é um texto feliz, mas sim uma reflexão sobre o mercado de trabalho. Talvez você também tenha notado mudanças na sua área e na forma como enxerga sua carreira. Nem todo mundo precisa encontrar felicidade no trabalho — podemos buscar satisfação em outras áreas da vida e enxergar a profissão apenas como um meio de sobrevivência.
Espero que possamos, juntos, encontrar nosso caminho. Que consigamos aplicar nossos conhecimentos de alguma forma e sair desse ciclo de frustrações e expectativas frustradas. Sei que essa transformação impacta várias outras profissões, e talvez já tenha afetado a sua também.
Desejo a todos uma boa semana.
Beijos!
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